quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Reflita!

O Natal já passou e com ele a correria da compra dos presentes... Agora vem o ano novo, que chega discretamente, para alegrar a toda gente e encher os corações de esperança!
Aproveitem esta semana para refletir, para se conhecer e reconhecer: quem eu sou, do que gosto, o que não quero mais sentir, o que não quero mais em minha vida e o que eu quero para o próximo ano? E para quem acredita em Deus, Ele pode ajudar muito! Mas acordem, nada cai do céu sem que você se proponha a fazer algo por você! Portanto aja!!!!!!!

Se interiorizem! Falem o menos possível, principalmente dos outros! O silêncio é sábio! Reflitam! Meditem! Se tranquilizem! Amem a vida! Bebam menos... fumem menos... Relaxem! Respire! E se preparem para agir!

Desejo um Ano Novo maravilhoso para todos!
bjs

sábado, 22 de dezembro de 2012

"Mude" (Clarice Lispector)

ANO NOVO, VIDA NOVA!



Mude...(Clarice Lispector)
Mude...

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa, mais tarde, mude de mesa.
... Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por um tempo o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente pela praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama… depois, procure dormir em outra cama.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais… leia outros tipos de livros.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas
cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome um novo tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado… outra marca de sabonete, outro creme dental… tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar outro emprego, uma
nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.Experimente coisas novas.
Troque novamente. Mude de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores de que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!


FELICIDADES, AMOR, CONQUISTAS, FÉ, FORÇA DE VONTADE, CORAGEM, SIMPLICIDADE, HUMILDADE, CARIDADE, SAÚDE, PAZ, LUZ....

Uma história de Natal...

Aconteceu no dia do Natal.

“... E Jesus nasceu numa casa humilde, numa noite fria, tendo para aquecê-lo uma simples manta e as palhas que serviam de alimento para os carneiros.”
Desse modo terminou a história de Natal que D. Alice contava para seus filhos.
O maiorzinho deles, depois de pensar um pouco, observou:
___ Jesus deve gostar que a gente trate bem os pobrezinhos como Ele os tratava, não é mamãe?
___ Sim. Toda vez que falamos carinhosamente com eles ou os ajudamos de alguma forma, Jesus fica contente conosco. E agora vamos para a cama que amanhã ganharão os presentes de Natal que tanto desejam.
No dia seguinte, as crianças divertiam-se com os presentes, reunidas no jardim da casa. Estavam todos contentes, riam, corriam de um lado para outro...
Num dado momento, bate no portão uma senhora com seu filho pela mão. Dona Alice vai saber o que ela deseja:
___ Necessito de roupas e um pouco de alimento para meu filhinho - disse a mulher.
Dona Alice foi lá dentro e voltou após alguns minutos com pães, e algumas roupas numa sacola, que entregou à senhora.
A senhora agradeceu e chamou o filhinho para irem embora. O menino estava encostado da grade do portão observando os carrinhos e caminhõezinhos que os filhos de Dona Alice havia ganhado de Natal.
___ Venha, meu filho, vamos embora que já está ficando tarde!
O menino não saiu do lugar, parecia nem ter escutado o chamado da mãe. Estava encantado com os brinquedos.
___ Mamãe, eu vou ganhar um brinquedo de Natal? perguntou o garotinho.
___ Não, meu filho, este ano não vai dar. Com a doença de seu pai as coisas ficaram muito piores...
Ouvindo isso, Francisco, o filho mais velho de Dona Alice perguntou admirado:
___ Você não ganhou nenhum carrinho?
___ Não, não ganhei nada!
Ao ouvir isso, imediatamente deu ao garoto o lindo carrinho, de sineta estridente, que ganhara naquela manhã de Natal.
O menino agarrou o presente segurando-o junto ao peito temendo que Francisquinho mudasse de idéia.
A mãe do menino fez menção de tirar o presente dos braços do filho para devolvê-lo, mas Dona Alice disse:
___ Pode leva-lo! Se meu filho quis dar o brinquedo, para mim está muito bem!
O pobre menino não cabia em si de contente, sorria e agradecia e foi embora todo feliz, ao lado de sua mãe.
Francisco, então, virou-se para a mãe e disse:
___ Jesus está contente comigo, não é mamãe?


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cinderela

Cinderella (versão dos Irmãos Grimm)



A mulher de um homem rico ficou muito doente. Quando ela percebeu que a morte se aproximava, chamou sua única filha ao seu leito e disse"Filha querida, seja boa e piedosa que o bom deus sempre lhe protejerá.

Eu estarei no céu olhando pra você e nunca te abandonarei. " Dito isso, ela fechou os olhos e morreu.

Todos os dias a moça visitava o túmulo de sua mãe. Ela chorava e se mantinha piedosa e boa.

Quando o inverno veio, a neve cobriu o túmulo com uma manta branca e quando o sol da primavera a derreteu, o homem encontrou uma nova esposa.

A mulher trouxe consigo duas filhas que eram bonitas e agradáveis de rosto, mas más e feias de coração.

Começava um período ruim para a pobre moça.

"Essa pata-tonta vai sentar-se na sala de visitas conosco?," elas perguntavam.

"Se quer comer o pão, terá que trabalhar para ganhá-lo. Trabalhará na cozinha."

Elas tiraram suas belas roupas, vestiram-na com um camisolão cinza e velho e lhe calçaram com sapatos de madeira.

"Olhem só para a princesa orgulhosa! Como está fora de moda," elas gritavam, riam e a levavam para a cozinha.

Lá ela tinha que trabalhar pesado durante todo o dia, se acordava antes de o sol nascer, carregava água, acendia o fogo, cozinhava e lavava.

Além disso, as irmãs ainda a maltratavam de todas as formas imagináveis - gozavam dela e derramavam as ervilhas e lentilhas nas cinzas do fogão para que ela tivesse que catar tudo de novo.

Ao anoitecer, quando ela já estava cansada de tanto trabalhar, ela não tinha uma cama onde dormir e acabava deitando-se ao lado do forno, nas cinzas. Por isso ela sempre parecia suja e empoeirada e foi então que começaram a chamá-la Cinderella. Um dia, o pai estava indo para a feira e perguntou às duas irmãs o que queriam que ele trouxesse para elas.

"Belos vestidos," disse uma delas, "Pérolas e jóias," disse a outra. "

E você, Cinderella," perguntou ele, "o que você quer?"

"Pai, traga-me o primeiro galho de árvore que bater em seu chapéu quando estiver voltando para a casa.

" Então ele comprou belos vestidos, pérolas e jóias para as enteadas, voltando para a casa, quando cavalgava por um bosque, um ramo de uma aveleira passou pelo seu chapéu. Então ele quebrou o ramo e levou consigo.

Quando chegou em casa, ele deu às enteadas o que haviam pedido, e para Cinderella ele deu o ramo da aveleira.

Cinderella agradeceu, foi até o túmulo de sua mãe, plantou o ramo que ganhou de seu pai, e chorou tanto que as lágrimas chegaram ao chão e regaram a planta. O pequeno ramo cresceu e transformou-se em uma árvore frondosa.Três veses por dia Cinderella sentava-se sob a árvore, chorava e rezava.

Um passarinho branco sempre vinha para a árvore e se Cinderella expressasse um desejo, o passarinho jogava para ela o que ela pedira.

Um dia o rei anunciou que haveria uma festa que duraria três dias para a qual todas as moças jovens e bonitas do reino estavam convidadas para que o príncipe escolhesse sua noiva.

Quando as duas irmãs souberam que estavam convidadas, ficaram eufóricas, chamavam Cinderella e diziam, "pentei nossos cabelos, engraxe nossos sapatos e ajude-nos a nos vestir, porque nós vamos ao casamento no palácio real

Cinderella obedecia e chorava, porque ela queria ir com elas para o baile, e implorava à madastra que deixasse-a ir.

"Você, Cinderella," disse ela, "coberta de pó e sujeira como você sempre está. Você não tem roupas nem sapatos, e nem ao menos sabe dançar."

E mesmo assim Cinderella continuava pedindo.

Depois de um tempo a madrasta disse, "E despejei um prato de lentilhas nas cinzas, se você conseguir catar todas em duas horas, deixarei você vir conosco."

A moça foi até a porta dos fundos e chamou"Mansas pombinhas e rolinhas e todas as aves do céu venham me ajudar a catar as lentilhas.

As boas no prato, As ruins no papo."

Logo duas pombinhas brancas entraram pela janela da cozinha, em seguida as rolinhas, e por último todas as aves do céu, vieram numa revoada e pousaram nas cinzas. As pombinhas balançavam a cabeça e começaram a catar e os outros passarinhos fizeram o mesmo. Logo juntaram todos o grãos bons no prato. Não tinha passado nem uma hora quando acabaram o serviço e se foram. A moça, contente, levou o prato para a madrasta. Ela acreditava que com isso poderia ir ao baile com elas.

Mas a madrasta disse, "Não, Cinderella, você não tem roupas e não sabe dançar. Você seria motivo de risos."

Como Cinderella começou a chorar, a madrasta disse: se você conseguir catar dois pratos de lentilhas das cinzas em uma hora, poderá ir conosco. Ela achava que desta vez, Cinderella não conseguiria.

Quando a madrasta derramou os dois pratos de lentilhas nas cinzas, a moça foi até a porta dos fundos e chamou"Mansas pombinhas e rolinhas e todas as aves do céu venham me ajudar a catar as lentilhas.

As boas no prato, As ruins no papo." Logo duas pombinhas brancas entraram pela janela da cozinha, em seguida as rolinhas, e por último todas as aves do céu, vieram numa revoada e pousaram nas cinzas. As pombinhas balançavam a cabeça e começaram a catar e os outros passarinhos fizeram o mesmo. Logo juntaram todos o grãos bons no prato. Não tinha passado nem meia hora quando acabaram o serviço e se foram. A moça estava muito feliz achando que agora ela teria permissão para ir ao baile.

Mas a madrasta disse: "Isso não adianta nada. Você não pode ir conosco, pois não tem roupas e não sabe dançar. Só nos faria passar vergonha.

Dito isso, ela virou as costas e partiu com suas orgulhosas filhas.

Enquanto não tinha ninguém em casa, Cinderella foi ao túmulo de sua mãe, sentou-se sob a árvore e disse"Balance e se agite, árvore adorada,Me cubra toda de ouro e prata."O passarinho entregou-lhe um vestido de ouro e prata e sapatos de seda com bordados de prata. Ela vestiu-se com pressa e foi ao baile.

A madrasta e as irmãs não a reconheceram e pensaram que deveria ser uma princeas estrangeira de tão bela que ela estava em seu vestido dourado. Elas nem imaginavam que podia ser Cinderella, e acreditavam que ela estava suja em casa, sentada ao lado do fogão catando lentilhas.

O príncipe se aproximou dela, pegou sua mão e dançou com ela. Ele não quis dançar com nenhuma outra moça, não soltou a mão dela por um único instante e, se alguém a convidava para dançar, ele dizia "Ela é minha dama."Dançaram até tarde da noite, e então ela quis ir embora.

Mas o príncipe disse: "Eu te acompanho," pois ele queria saber a que família tão bela moça pertencia.

Ela conseguiu escapar-se dele e se escondeu no pombal.

O príncipe esperou em frente à casa até que o pai de Cinderella veio e ele disse que a moça desconhecida havia se escondido no pombal.

O pai de Cinderella pensou, "Deve ser Cinderella."

Trouxeram um machado e uma picareta e quebraram o pombal em pedacinhos, mas já não tinha ninguém lá dentro.

Quando chegaram em casa, encontraram Cinderella com suas roupas sujas deitada nas cinzas à luz mortiça de uma lamparina.

O que aconteceu foi que Cinderella se escapou rápido pela parte de trás do pombal e correu até a aveleira. Lá ela tirou suas belas vestes, deixou-as sobre o túmulo de sua mãe e o passarinho as levou. Então ela voltou pra casa e deitou-se nas cinzas vestida com seu camisolão.

No dia seguinte, a festa recomeçou.

A madrasta e as irmãs foram de novo.

Cinderella foi até a aveleira e disse"Balance e se agite, árvore adorada,Me cubra toda de ouro e prata."Logo o passarinho lhe entregou um vestido ainda mais bonito que o da noite anterior.

E quando Cinderella apareceu no baile com seu vestido, todos ficaram espantados com tanta beleza. O príncipe, que estava esperando por ela, logo pegou sua mão e não dançou com nenhuma outra moça. Quando outros vinham e a convidavam para dançar, ele dizia "Ela é minha dama." Quando anoiteceu, ela quis ir embora e o príncipe a seguiu para ver em que casa ela entraria. Mas ela se escapou se escondendo no jardim de sua casa.

Lá havia uma árvore alta e bela que dava peras maravilhosas. Ela subiu ágil como um esquilo e o príncipe não sabia onde ela estava.

Ele esperou até que o pai dela veio e disse a ele, "A moça desconhecida se escapou de mim e acredito que ela tenha subido na pereira.

O pai pensou: "Deve ser Cinderella."

Trouxeram um machado e derrubaram a árvore, mas já não havia ningém lá.

Quando chegaram em casa, encontraram Cinderella com suas roupas sujas deitada nas cinzas à luz mortiça de uma lamparina.

O que aconteceu foi que Cinderella desceu rápido da pereira e correu até a aveleira. Lá ela tirou suas belas vestes, deixou-as sobre o túmulo de sua mãe e o passarinho as levou. Então ela voltou pra casa e deitou-se nas cinzas vestida com seu camisolão.

No terceiro dias, quando a madrasta e as irmãs já tinham saído, Cinderella foi mais uma vez até o túmulo de sua mãe e disse para a aveleira "Balance e se agite, árvore adorada,Me cubra toda de ouro e prata."E o passarinho lhe trouxe um vestido que ainda mais explêndido e magnificente que os outros e sapatinhos de ouro.

E quando ela chegou ao baile, todos emudeceram de admiração. O príncipe dançou apenas com ela e para todos que a convidavam para dançar, ele dizia: "Ela é minha dama". Quando a noite chegou, Cinderella quis ir embora e o príncipe estava ansioso para ir com ela. Mas ela escapou-se tão rápido que ele não conseguiu segui-la. O príncipe, desta vez, usou a inteligência: mandou que passassem piche na escadaria e, quando a moça passou, o sapato do pé esquerdo ficou grudado. O príncipe pegou o sapatinho: era pequenino, gracioso e todo de ouro.

Na manhã seguinte, ele disse a seu pai que não se casaria com nenhuma moça, a não ser a dona do pé que coubesse neste sapato.

As duas irmãs estavam felizes, pois tinham pés pequenos. A mais velha entrou no quarto com o sapato e tentava calçá-lo enquanto sua mãe olhava. Mas ela não conseguiu colocar o sapato por causa de seu dedão do pé. O sapato era muito pequeno para ela.

Então a mãe lhe deu uma faca e disse: "Corta o dedão, quando você for rainha, não precisará andar muito a pé.”

A moça cortou fora o dedão, forçou o pé para dentro do sapato, disfarçou a dor e foi ver o príncipe. Ele colocou-a na garupa de seu cavalo e saiu com ela como se fosse sua noiva. Eles tinham que passar pelo túmulo da mãe de Cinderella, e quando por lá passaram, da aveleira duas pombinhas cantaram

"Olhe para trás,
olhe para trás,
há sangue no sapato
,o sapato é pequeno demais,
sua noiva lhe espera muito atrás.

Então ele olhou para o pé dela e viu o sangue pingando. Ele deu meia volta com o cavalo e levou a falsa noiva de volta para a casa, e disse para a outra irmã calçar o sapato. Colocou seus dedos do pé sem problemas, mas deu calcanhar era largo demais.

A madrasta deu-lhe uma faca e disse: "Corta fora um pedaço do teu calcanhar, quando fores rainha não precisarás andar a pé."

A moça cortou um pedaço de seu calcanhar, forçou seu pé para dentro do sapato, disfarçou a dor e foi ver o príncipe. Ele colocou-a na garupa de seu cavalo e saiu com ela como se fosse sua noiva. Quando passaram pela aveleira, duas pombinhas cantaram:

"Olhe para trás,
olhe para trás,
há sangue no sapato,
o sapato é pequeno demais
sua noiva lhe espera muito atrás.

Ele olhou para o pé dela e viu o sangue escorrendo pelo sapato e manchando a meia de vermelho.

Ele deu meia volta com o cavalo e levou a noiva falsa de volta para casa. "Esta também não é a noiva certa," disse ele, "vocês não têm outra filha?" "Não," disse o homem, "temos apenas a pequena e raquítica ajudante de cozinha, filha de minha ex-mulher, mas não é possível que ela seja a noiva."

O príncipe pediu para vê-la, mas a mulher disse "oh, não! Ela está sempre muito suja. Não está apresentável.

Mas o príncipe insistiu e Cinderella foi chamada.

Ela primeiro lavou suas mãos e o rosto, e curvou-se diante do príncipe que entregou-lhe o sapatinho de ouro. Ela sentou-se em um banquinho, tirou o pesado sapato de madeira, e calçou o sapatinho de ouro, que serviu como uma luva. Ela ergueu-se e o príncipe olhou para o seu rosto e reconheceu a bela moça com quem tinha dançado e disse: "Esta é a noiva verdadeira."

A madrasta e suas filhas estavam horrorizadas e ficaram pálidas de raiva, ele, entretanto, colocou Cinderella sobre seu cavalo e levou-a consigo.Quando passaram´pela aveleira, as duas pombinha cantaram:

"Olhe para trás,
olhe para trás,
não tem sangue no sapato,
que não lhe é apertado,
É com a noiva certa que estás."

E depois de cantar, as duas pombinhas pousaram nos ombros de Cinderella, uma no direito, a outra no esquerdo, e ficaram sentadinhas lá.

Na cerimônia do casamento do príncipe, as duas irmãs falsas foram e queriam ficar de bem com Cinderella e dividir com ela a boa fortuna que teve.

Quando os noivos chegaram à igreja, a mais velha estava à direita e a mais nova à esquerda, e as pombinhas arrancaram um olho de cada uma das irmãs.
Depois quando voltavam, a mais velha estava à esquerda e a mais nova à direita, e as pombinhas arrancaram o outro olho de cada uma delas.
E então, por sua maldade e falsidade, elas foram punidas com a cegueira até o fim de suas vidas.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"A árvore generosa."

A árvore generosa.

Do original de Shel Silvertein, Adaptado por Fernando Sabino

Era uma vez uma Árvore que amava um Menino. E todos os dias, o Menino vinha e juntava suas folhas.
E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava de rei da floresta. Subia em seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos! Comia seus frutos. E quando ficava cansado, o Menino repousava à sua sombra fresquinha. O Menino amava a Árvore profundamente. E a Árvore era feliz!
Mas o tempo passou e o Menino cresceu!
Um dia, o Menino veio e a Árvore disse: “ Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus
galhos, repousar à minha sombra e ser feliz!" "Estou grande demais para brincar", o Menino respondeu. "Quero comprar muitas coisas. Você tem algum dinheiro que possa me oferecer?" "Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro.
Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê-los na cidade, então terá o dinheiro e você será feliz!" E assim o Menino subiu pelo tronco, colheu os frutos e levou-os embora. E a Árvore ficou feliz!
Mas o Menino sumiu por muito tempo... E a Árvore ficou tristonha outra vez.
Um dia, o Menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos e ser feliz". "Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse o menino.
"Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos, pra isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?" "Eu não tenho casa", a Árvore disse. "Mas corte meus galhos, faça a sua casa e seja feliz." O Menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os embora pra fazer uma casa. E a Árvore ficou feliz!
O Menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar. "Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "Venha brincar!" "Estou velho para brincar", disse o Menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?" "Corte meu tronco e faça seu barco", a Árvore disse. "Viaje pra longe e seja feliz!" O Menino cortou o tronco, fez um barco e viajou. E a Árvore ficou feliz, mas não muito!
Muito tempo depois, o Menino voltou.
"Desculpe, Menino", a Árvore disse, "não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram." "Meus dentes são fracos demais pra frutos", falou o Menino.
"Já se foram os galhos para você balançar", a Árvore disse. "Já não tenho idade pra me balançar", falou o menino. "Não tenho mais tronco pra você subir", a Árvore disse.
"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o Menino. "Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um toco sem graça. Desculpe..." “Já não quero muita coisa", disse o Menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado."
"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e descansar." "Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse."
Foi o que o Menino fez. E a Árvore ficou feliz!

"O pote vazio."

O POTE VAZIO

Há muito tempo, na China, vivia um menino chamado Ping, que adorava flores. Tudo o que ele plantava florescia maravilhosamente. Flores, arbustos e até imensas árvores frutíferas desabrochavam como por encanto.Todos os habitantes do reino também adoravam flores. Eles plantavam flores por toda a parte e o ar do país inteiro era perfumado.O imperador gostava muito de pássaros e outros animais, mas o que ele mais apreciava eram as flores. Todos os dias ele cuidava de seu próprio jardim.Acontece que o imperador estava muito velho e precisava escolher um sucessor.Quem podia herdar seu trono? Como fazer essa escolha?Já que gostava muito de flores, o imperador resolver deixar as flores escolherem.No dia seguinte, ele mandou anunciar que todas as crianças do reino deveriam comparecer ao palácio. Cada uma delas receberia do imperador uma semente especial. – Quem provar que fez o melhor possível dentro de um ano – ele declarou – será meu sucessor.A notícia provocou muita agitação. Crianças do país inteiro dirigiram-se ao palácio para pegar suas sementes de flores.Cada um dos pais queria que seu filho fosse escolhido para ser o imperador, e cada uma das crianças tinha a mesma esperança.Ping recebeu sua semente do imperador e ficou felicíssimo. Tinha certeza de que seria capaz de cultivar a flor mais bonita de todas.Ping encheu o vaso com terra de boa qualidade e plantou a semente com muito cuidado.Todos os dias ele regava o vaso. Mal podia esperar o broto surgir, crescer e depois dar uma linda flor.Os dias se passaram, mas nada crescia no vaso. Ping começou a ficar preocupado. Pôs terra nova e melhor num vaso maior. Depois transplantou a semente para aquela terra escuta e fértil. Esperou mais dois meses e nada aconteceu. Assim se passou o ano inteiro.Chegou a primavera e todas as crianças vestiram suas melhores roupas para irem cumprimentar o imperador. Então correram ao palácio com suas lindas flores, ansiosas por serem escolhidas.Ping estava com vergonha de seu vaso sem flor. Achou que as outras crianças zombariam dele por que pela primeira vez na vida não tinha conseguido cultivar uma flor.Seu amigo apareceu correndo, trazendo uma planta enorme:- Ping, disse ele, você vai mesmo se apresentar ao imperador levando um vaso sem flor? Por que não cultivou uma flor bem grande como a minha?- Eu já cultivei muitas flores melhores do que a sua, disse Ping.- Foi essa semente que não deu nada.O pai de Ping ouviu a conversa e disse:- Você fez o melhor que pôde, e o possível deve ser apresentado ao imperador.Ping dirigiu-se ao palácio levando o vaso sem flor.O imperador estava examinando as flores vagarosamente, uma por uma. Como eram bonitas! Mas o imperador estava muito sério e não dizia uma palavra.Finalmente chegou a vez de Ping. O menino estava envergonhado, esperando um castigo. O imperador perguntou:- Por que você trouxe um vaso sem flor?Ping começou a chorar e respondeu:- Eu plantei a semente que o senhor me deu e a reguei todos os dias, mas ela não brotou. Eu a coloquei num vaso maior com terra melhor, e mesmo assim ela não brotou. Eu cuidei dela o ano todo, mas não deu nada. Por isso hoje eu trouxe um pote vazio. Foi o melhor que eu pude fazer.Quando o imperador ouviu essas palavras, um sorriso foi se abrindo em seu rosto e ele abraçou Ping. Então ele declarou para todos ouvirem:- Encontrei! Encontrei alguém que merece ser imperador!- Não sei onde vocês conseguiram essas sementes, pois as que eu lhes dei estavam todas queimadas. Nenhuma delas poderia ter brotado. Admiro a coragem de Ping, que apareceu diante de mim trazendo a pura verdade. Vou recompensá-lo e torná-lo imperador deste país.

(extraído do livro O Pote Vazio – Demi, Editora Martins Fontes)



O Alfaiate desatento.

O Alfaiate Desatento

Era uma vez, a menos de mil quilômetros daqui, um alfaiate viúvo que vivia com a filha pequena... Apesar de ser um ótimo artesão, era uma pessoa que não prestava atenção em algumas coisas.

Assim, costumava sair à rua com a mesma roupa velha, todas esfarrapadas, que usava o dia in¬teiro dentro de casa.

As pessoas comentavam: "Um homem que anda tão mal vestido, não pode ser um profissional competente. Esse alfaiate não deve ser bom".

Os comentários se espalhavam, e ninguém mais encomendava roupas para o alfaiate, que foi ficando pobre. Um dia, sua filha disse: "Pai, não temos quase nada para comer. O senhor precisa fazer alguma coisa, senão vamos morrer de fome".

O alfaiate foi até' o sótão da casa, onde fazia muito tempo guardava coisas que considerava sem utilidade. Ao remexer nas pilhas empoeiradas, descobriu que entre elas havia objetos de valor. Ele nem se lembrava mais quando os tinha posto ali, nem por quê. Juntou uma porção desses objetos num carrinho e foi vendê-los no mercado da cidade. Com o dinheiro que recebeu, comprou comidas deliciosas para ele e para sua filha.

No caminho de volta para casa ele viu, pendurado na porta de uma tenda, um tecido magnífico, como nunca ti¬nha visto. Era inteiro bordado com fios de todas as cores do arco-íris, formando várias figuras distintas. Nele também havia padrões ornamentais com fios de ouro e prata entrelaçados que brilhavam à luz do sol. O alfaiate, maravilhado, resolveu comprar aquele tecido com o dinheiro que havia sobrado.
Assim que chegou em casa, esticou o tecido sobre a mesa,
pensou um pouco, e depois cortou e costurou um belíssimo manto que quase arrastava no chão

Quando saiu à rua com aquele manto, as pessoas o rodearam e perguntaram:

- Onde foi que você comprou este manto? No Orien¬te, na ilha de J ava?
- Não - respondeu o alfaiate. - Eu mesmo o fiz.
- Então, nós também queremos um manto lindo como este.

E foram levar tecidos para ele, formando uma fila à porta de sua casa. Eram tantas pessoas, e tantos mantos eles fez, que acabou ficando rico.
Mas ele era uma pessoa que não prestava atenção em algumas coisas. Ele não tirava seu manto: costurava com ele, fazia comida, cuidava do jardim.

Passou-se muito, muito tempo. O manto ficou velho e estragado. As pessoas, vendo-o tão mal vestido na rua, começaram a achar que ele não devia ser um bom profis¬sional. E deixaram de fazer encomendas. E ele ficou pobre outra vez.

Certo dia, não tendo nada para fazer, o alfaiate ficou observando o manto e descobriu que ainda havia um pedaço do tecido que não estava estragado. Pôs o manto sobre a mesa, cortou as partes rasgadas, desmanchou as cos¬turas, pensou um pouco e fez um lindo casaco, com uma gola enorme.

Quando saiu com o casaco, as pessoas queriam saber: - Onde foi que você comprou este casaco? Na Aus¬trália, no pólo norte?

- Não, eu mesmo o fiz.

E foram tantas encomendas de casacos, que o alfaiate ficou rico outra vez.
Mas continuava sendo aquele homem que não prestava atenção em algumas coisas. A qualquer tipo de comemo¬ração - casamento, batizado, enterro, festa de aniversário - lá ia ele com o casaco.

Passou-se muito, muito tempo. E o casaco ficou todo esburacado, cheio de manchas. Ninguém mais fazia en¬comendas. Ele ficou pobre. Percebendo que o casaco ainda tinha um pedaço bom de tecido, o alfaiate o desmanchou e fez um colete tão lindo que todos na rua lhe perguntavam:

- Onde foi que você comprou este colete? No Afe¬ganistão? Na Terra do Fogo?
- Não, eu mesmo o fiz.

E com tantas encomendas de coletes, o alfaiate ficou rico. Mas, não sei se já lhes contei, ele era uma pessoa que não prestava atenção em algumas coisas. Não tirava o colete para nada, nem mesmo para tomar banho.

Passou-se muito, muito tempo. E o colete ficou em petição de miséria. Pobre mais uma vez, o alfaiate aproveitou o pequeno pedaço de tecido do colete que ainda estava per¬feito e sabem o que ele fez? Uma gravata-borboleta. Mas não era uma gravata qualquer. Era tão linda e brilhava tanto, que todos queriam gravatas como aquela.

Depois de muito trabalhar, ele acabou ficando rico. E não deixava de ser aquela pessoa que Não P... A... em A ... Coisas. Nem para dormir ele tirava a gravata.
Passou-se muito, muito tempo. E a gravata ficou torta, ensebada, irreconhecível. O alfaiate ficou pobre ourtra vez, já que ninguém mais lhe fez encomendas.

(Não se preocupem, o conto já está chegando ao fim.)

O alfaiate ainda descobriu na gravata um pedacinho de tecido que podia servir para alguma coisa. E então fez um superutrabelíssimo botão, bem redondo, que costurou na sua roupa velha, no meio do peito. Ninguém notava os farrapos que ele vestia; o botão era tão brilhante e magnífico que todos queriam botões como aquele. E tantos ele fez, que ficou rico.
Mas continuava sendo aquela pessoa que N Prestava A em A C. Por muito, muito tempo. E ele foi pobre.
Desmanchou o botão e ainda sobrou um pedacinho de tecido bem pequenininho, que conservava intactos alguns padrões de fios dourados e prateados, entremeados com to¬das as cores do arco-íris, que brilhavam intensamente.

O que o alfaiate fez com aquele pedaço minúsculo que sobrou do magnífico
tecido?

Pois o contador de histórias que narrou este conto para mim disse que cada um de nós é que tinha que inventar no que o alfaiate transformou aquele paninho precioso, porque esta é uma história que continua com cada um.
Existem muitas formas de contar a história desse alfaiate.
É por causa dele e do seu botão que este conto sempre foi ¬lembrado e continuará sendo contado para sempre, noite e dia, em qualquer lugar do mundo onde haja gente.
Porque sempre vão existir pessoas que não prestam atenção em algumas coisas.
E sempre vão existir coisas que guardam seu brilho num lugar cada vez menor e mais profundo.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Grupos para curso de contação de história

Boa Tarde!



Estão me procurando para dar um curso de contação de história e me lembrei que outros conhecidos já haviam me pedido...

Então, para quem tiver interessado ou conhecer alguém que tem interesse, estarei montando grupos de até 5 pessoas.



O Curso terá quatro encontros de duas horas e meia, com teoria e prática e materiais incluso (apostila e materiais de arte).



O Investimento é de R$250,00, podendo ser combinado uma forma de pagamento.



Os horários possíveis são: 4ª feira às 19h, 6ª às 8:30 e sábado às 14h. Com previsão para início na próxima semana.



Os interessados entrem em contato pelo e-mail: ilana_pg@yahoo.com.br



Abraços

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pintar é uma terapia!

Quarta feira.
Já começo esboçar um sorriso...
Um sorriso de alegria e de desejo.
Está chegando um dia muito bom da minha semana...
A quinta feira.
Dia do meu curso de pintura.
A aula dura só duas horas, mas curto cada minuto despreocupadamente.
Conversamos, trocamos experiência e opiniôes. Rimos. E também nos concentramos, cada uma (das mulheres com quem faço aula) no seu mundo de cores, tintas, pincéis e tela.
Colocamos na tela nossos sentimentos, experiências, sensações e vida. Cada uma ao seu modo, com seu jeito, seu estilo.
Para mim, é muito mais que um aprendizado, um aperfeiçoamento de técnicas e uma troca de experiências.
É um momento de satisfação, de alegria e de relaxamento. Não que não exista outros momentos assim em meu dia-a-dia, mas este é especial, pois amo as cores, os movimentos que faço com o pincel, amo sentir dentro de mim o potencial criador!
Meu contentamento, meu prazer, minha satisfação me preenchem.
Neste momento sinto como se eu fosse mais eu mesma.
Apesar de estar relaxadamente pensando apenas na pintura, sinto-me mais próxima da minha essência, do meu eu interior. Sinto-me mais sutil. Um ser mais espiritual, mais Divino, por estar criando algo belo. Me sinto mais inteira.
Todos estes sentimentos me deixam mais feliz, mais calma... Por isto eu digo:
Pintar é uma terapia!

A princesa que tudo via.

O que precisamos aprender desde criança...

A Princesa que tudo via
Era uma vez uma princesa que conseguia tudo o que queria. É que, no alto da torre mais antiga de seu palácio, havia uma sala circundada por doze janelas mágicas. Através delas, a princesa podia ver qualquer coisa que se passasse no seu reino e até mesmos nos reinos de além-mar. Bastava pensar no que queria ver e olhar por uma das janelas; se a primeira delas não lhe mostrasse nada é porque o que procurava estava muito longe ou muito bem escondido. Mas logo na segunda ou na terceira janela aparecia a imagem desejada. As janelas revelavam desde as alturas inatingíveis das nuvens às profundezas da terra e do mar. Nada escapava á princesa: ninguém saia do seu reino sem que ela soubesse, nenhum inimigo se aproximava sem que ela estivesse prevenida. Assim, era natural que seu poder se tornasse cada vez maior e que muitos príncipes pretendessem se casar com ela.
A princesa, todavia, não encontrava nenhum pretendente à sua altura. É bom dizer que, com tanto poder, ela se tornara um pouco arrogante, cheia de si. Decidiu, então, lançar um desafio: aquele que conseguisse se esconder dela, pelo menos uma vez, se tornaria o seu príncipe consorte.
Os príncipes e outros nobres foram os primeiros a se apresentar. A princesa dava a todos eles três chances. A cada dia podiam tentar um esconderijo diferente. Somente no final do dia, ao pôr-do-sol, a princesa subia à torre e consultava suas janelas.
Um dos príncipes pretendentes ouvira falar que “nada mais escondido que agulha no palheiro”, e, seguindo à risca a idéia, entrou num paiol de milho e cobriu-se de palha de tal maneira que nem mesmo as galinhas que ali vierem ciscar deram pela sua presença. Mas bastou a princesa olhar pela primeira janela e ele foi descoberto.
O príncipe não se deu por vencido: no dia seguinte, mandou que seus servos cavassem no sono um túnel profundo, onde ele ficou bem escondido, coberto de pedras. E já quase ia se sufocando quando a princesa, no fim da tarde, olhou pelas suas janelas e mandou buscar.
Como ultima tentativa, o príncipe tomou um navio e navegou para uma ilha distante. A princesa olhou pela primeira janela e nada viu; olhou pela segunda e nem precisou chegar à terceira para mandar um emissário dizer ao infeliz pretendente que suas chances estavam esgotadas.
E depois dos nobres vieram os plebeus. Cada um inventava um esconderijo mais extravagante, porém poucas vezes a princesa precisou chegar à segunda janela para descobri-lo. Um a um os pretendentes foram sendo dispensados.
Um dia, um jovem e bravo soldado que voltava de uma guerra num país distante, ouviu falar da princesa. Atraído pelo desafio, decidiu ir até o palácio e tentar sua sorte.
No meio do caminho, deparou-se o soldado com um carneirinho que balia desesperado, preso nos arames farpados de uma cera. O rapaz desembaraçou-o com cuidado. Vendo-se livre, o agradecido animal assim lhe falou:
- Eu sou o príncipe dos carneiros. Meu pai, o rei, gostará de recompensá-lo. Pegue esse punhado de lã e, quando precisar de mim,esfregue-o,chamando-me.
O soldado ficou maravilhado com o que ouviu, guardou a lã e seguiu em frente. Logo adiante, encontrou uma águia que tentava se livrar de uma armadilha. Cuidadosamente ele a soltou e ouvi dela o seguinte:
- Eu sou a rainha das águias e você me salvou. Se um dia precisar de ajuda, esfregue esta pena e chame por mim.
O jovem agradeceu o presente e continuou seu caminho. Logo antes de chegar ao palácio, sua atenção foi atraída por uma formiga que se debatia numa poça d’água. Salvando o bichinho de morrer afogado, mais uma vez ele ouviu:
- Eu sou a rainha das formigas. Guarde esta folha e, se precisar de algo, esfregue-a e chame por mim.
O soldado guardou também a folha com cuidado, logo chegou ao palácio e pediu para ser apresentado à princesa. No dia seguinte, começou a procurar um lugar para se esconder, porém todos os esconderijos lhe pareciam óbvios. Lembrou-se então do carneirinho. Esfregou o punhado de lã e pediu ajuda para esconder-se.
Na mesma hora apareceu um rebanho de carneiros. O próprio soldado, maravilhado, viu-se transformado em carneiro e misturado ao grupo.
Ao pôr-do-sol a princesa subiu à torre. Olhou pela primeira janela e nada viu. A segunda janela, porém, mostrou-lhe o carneiro e a princesa soube que era ele o pretendente. Na manha seguinte, retomando a forma humana, o soldado se apresentou à princesa, que lhe disse:
- Entre os carneiros, tu eras o que ficava junto ao pequenino.
O rapaz reconhecendo que fora descoberto, saiu do palácio, dirigiu-se à orla da floresta, esfregando a pena mágica, chamou pela águia.
Imediatamente a rainha das águias apareceu e transportou-o pelos ares. Levou-o até a mais escarpada das montanhas, transformou-o num ovo e misturou-o aos demais ovos de seu ninho. Depois, ajeito-se por cima deles, cobrindo-os todos e dali não saiu o dia inteiro.
Naquela tarde, quando a princesa consultou a primeira janela, nada pôde descobrir; e nem na segunda, mais a terceira mostrou-lhe o ninho. No dia seguinte, o soldado, apresentou-se a ela, ouviu:
- Entre todos os ovos da águia, tu eras o que ficava mais no centro.
Vencido mais uma vez, o jovem saiu do palácio, procurou um lugar isolado e, esfregando a folha, sua última esperança. Chamou pela rainha das formigas.
- Desta vez – disse ele, depois de lhe contar sua história -, você tem de pensar num esconderijo muito, muito especial. Nada escapa aos olhos da princesa!
- Nada? – duvidou a formiga. – Pois eu sei de algo que ela não vê!
E, transformando o rapaz numa formiguinha, levou-o até os aposentos da princesa.
- Dê um jeito de esconder-se dentro do vestido – aconselhou a formiga. E desapareceu.
O soldado, agora formiga, observou bem a princesa e suas sete pesadas saias. E achou melhor subir pelo vestido dela e escorregar pelo decote. E ali, dentro do corpete da princesa, ele ficou quietinho, esperando o dia passar.
Quando a tarde chegou, a princesa subiu à torre. Olhou pela primeira janela e nada pode vislumbrar, olhou pela segunda e também nada viu. Tampouco a terceira mostrou-lhe alguma coisa e a princesa, já inquieta, passou à quarta janela. E assim foi, de janela em janela, até chegar à décima segunda. Entretanto, por mais que olhasse, ela não conseguia enxergar o que queria.
A noite toda ela passou a consultar as janelas. Em vão. Quando os primeiros raios de sol iluminaram a torre, a princesa, irritada, gritou:
- Desisto! Pode aparecer, que eu me caso com você!
O rapaz saiu, então, de dentro do vestido dela, desceu ao chão, e retomando sua forma humana, confessou à princesa seu esconderijo.
A princesa quis brigar, mas acabou rindo, divertida com a história. O casamento foi realizado naquele mesmo dia e os dois foram sempre, sempre felizes.

A ouvir nosso coração e ter humildade!


A história de uma folha.

Uma linda história sobre o ciclo da vida.

A história de uma folha
O começo
Era uma vez uma folha, que crescera muito. A parte intermediária era larga e forte, as cinco pontas eram firmes e afiladas.
Surgira na primavera, como um pequeno broto num galho grande, perto do topo de uma árvore alta.
A Folha estava cercada por centenas de outras folhas, iguais a ela. Ou pelo menos assim parecia. Mas não demorou muito para que descobrisse que não havia duas folhas iguais, apesar de estarem na mesma árvore. Alfredo era a folha mais próxima. Mário era a folha à sua direita. Clara era a linda folha por cima. Todos haviam crescido juntos. Aprenderam a dançar à brisa da primavera, esquentar indolentemente ao sol do verão, a se lavar na chuva fresca.
Mas Daniel era seu melhor amigo. Era a folha maior no galho e parecia que estava lá antes de qualquer outra. A Folha achava que Daniel era também o mais sábio. Foi Daniel quem lhe contou que eram parte de uma árvore. Foi Daniel quem explicou que estavam crescendo num parque público. Foi Daniel quem revelou que a árvore tinha raízes fortes, escondidas na terra lá embaixo. Foi Daniel quem falou dos passarinhos que vinham pousar no galho e cantar pela manhã. Foi Daniel quem contou sobre o sol, a lua, as estrelas e as estações.
A primavera passou. E o verão também.
Fred adorava ser uma folha. Amava o seu galho, os amigos, o seu lugar bem alto no céu, o vento que o sacudia, os raios do sol que o esquentavam, a lua que o cobria de sombras suaves.
O verão fora excepcionalmente ameno. Os dias quentes e compridos eram agradáveis, as noites suaves eram serenas e povoadas por sonhos.
Muitas pessoas foram ao parque naquele verão. E sentavam sob as árvores. Daniel contou à Folha que proporcionar sombra era um dos propósitos das árvores.
- O que é um propósito? - perguntou a Folha.
- Um razão para existir - respondeu Daniel. - Tornar as coisas mais agradáveis para os outros é uma razão para existir. Proporcionar sombra aos velhinhos que procuram escapar do calor de suas casas é uma razão para existir.
A Folha tinha um encanto todo especial pelos velhinhos. Sentavam em silêncio na relva fresca, mal se mexiam. E quando conversavam eram aos sussurros, sobre os tempos passados.

As crianças também eram divertidas, embora às vezes abrissem buracos na casa da árvore ou esculpissem seus nomes.
Mesmo assim, era divertido observar as crianças.

Mas o verão da Folha não demorou a passar.
E chegou ao fim numa noite de outubro. A Folha nunca sentira tanto frio. Todas as outras folhas estremeceram com o frio. Ficaram todas cobertas por uma camada fina de branco, que num instante se derreteu e deixou-as encharcadas de orvalho, faiscando ao sol..
Mais uma vez, foi Daniel quem explicou que haviam experimentado a primeira geada, o sinal que era outono e que o inverno viria em breve.
Quase que imediatamente, toda a árvore, mais do que isso, todo o parque, se transformou num esplendor de cores. Quase não restava qualquer folha verde. Alfredo se tornou um amarelo intenso. Mário adquiriu um laranja brilhante. Clara virou um vermelho ardente. Daniel estava púrpura. E a Folha ficou vermelha, dourada e azul. Todos estavam lindos. A Folha e seus amigos converteram a árvore num arco-íris.
- Por que ficamos com cores diferentes, se estamos na mesma árvore? - perguntou a Folha.
- Cada um de nós é diferente. Tivemos experiências diferentes. Recebemos o sol de maneira diferente. Projetamos a sombra de maneira diferente. Por que não teríamos cores diferentes?

Foi Daniel, como sempre, quem falou. E Daniel contou ainda que aquela estação maravilhosa se chamava outono.
E um dia aconteceu uma coisa estranha. A mesma brisa que, no passado, os fazia dançar começou a empurrar e puxar suas hastes, quase como se estivesse zangada. Isso fez com que algumas folhas fossem arrancadas de seus galhos e levadas pela brisa, reviradas pelo ar, antes de caírem suavemente ao solo.

Todas as folhas ficaram assustadas.
- O que está acontecendo? - perguntaram umas às outras, aos sussurros.
- É isso que acontece no outono - explicou Daniel - É o momento em que as folhas mudam de casa. Algumas pessoas chamam isso de morrer.
- E todos nós vamos morrer? - perguntou Folha
- Vamos sim - respondeu Daniel - Tudo morre. Grande ou pequeno, fraco ou forte, tudo morre. Primeiro cumprimos a nossa missão. Experimentamos o sol e a lua, o vento e a chuva. Aprendemos a dançar e a rir. E, depois morremos.
- Eu não vou morrer! - exclamou Folha, com determinação -
Você vai, Daniel?
- Vou sim... Quando chegar meu momento.
- E quando será isso???
- Ninguém sabe com certeza. - respondeu Daniel
A Folha notou que as outras folhas continuavam a cair. E pensou: "Deve ser o momento delas." Ela viu que algumas folhas reagiam ao vento, outras simplesmente se entregavam e caíam suavemente
Não demorou muito para que a árvore estivesse quase despida.
- Tenho medo de morrer. - disse Folha a Daniel - Não sei o que tem lá embaixo.
- Todos temos medo do que não conhecemos. Isso é natural. - disse Daniel para animá-la - Mas você não teve medo quando aprimavera se transformou em verão. E também não teve medo quando o verão se transformou em outono. Eram mudanças naturais. Por que deveria estar com medo da estação da morte?

- A árvore também morre? – perguntou a folha
- Algum dia vai morrer. Mas há uma coisa que é mais forte do que a árvore. É a vida. Dura eternamente e somos todos uma parte da vida.
- Para onde vamos quando morrermos?
- Ninguém sabe com certeza... É o grande mistério.
- Voltaremos na primavera?
- Talvez não, mas a Vida voltará.
- Então qual é a razão para tudo isso? - insistiu a Folha - Por que viemos pra cá, se no fim teríamos de cair e morrer?
Daniel respondeu no seu jeito calmo de sempre:
- Pelo sol e pela lua. Pelos tempos felizes que passamos juntos. Pela sombra, pelos velhinhos, pelas crianças. Pelas cores do outono, pelas estações. Não é razão suficiente?
Ao final daquela tarde, na claridade dourada do crepúsculo, Daniel se foi. E caiu a flutuar. Parecia sorrir enquanto caía.
- Adeus por enquanto. - disse ele à Folha.
E depois, Folha ficou sozinha, a única folha que restava no galho.
A primeira neve caiu na manhã seguinte. Era macia, branca e suave. Mas era muito fria. Quase não houve sol naquele dia... E foi um dia muito curto. A Folha se descobriu a perder a cor, a ficar cada vez mais frágil.Havia sempre frio e a neve passava sobre ela.
E quando amanheceu veio vento que arrancou a Folha de seu galho. Não doeu. Ela sentiu que flutuava no ar, muito serena.
E, enquanto caía, ela viu a árvore inteira pela primeira vez.
Como era forte e firme! Teve a certeza de que a árvore viveria por muito tempo, compreendeu que fora parte de sua vida. E isso deixou-a orgulhosa.
A Folha pousou num monte de neve. Estava macio, até mesmo aconchegante. Naquela nova posição, Folha estava mais confortável do que jamais se sentira. Ela fechou os olhos e adormeceu. Não sabia que a primavera se seguiria ao inverno, que a neve se derreteria e viraria água. Não sabia que a folha que fora, seca e aparentemente inútil, se juntaria com a água e serviria para tornar a árvore mais forte. E, principalmente, não sabia que ali, na árvore e no solo, já havia planos para novas folhas de primavera.
Léo Buscaglia

O cego e o caçador.

Com certeza, "só se vê bem com o coração" (O pequeno príncipe)


O Cego e o Caçador

Era uma vez um homem cego que morava numa palhoça, com sua irmã, numa aldeia na orla da Floresta.
Esse homem era muito inteligente. Apesar de seus olhos não enxergarem nada, ele parecia saber mais sobre o mundo do que as pessoas cujos olhos viam tudo. Costumava sentar-se à porta de sua palhoça e conversar com quem passava.
Quando alguém tinha problemas, perguntava-lhe o que fazer e ele sempre dava um bom conselho. Quando alguém queria saber alguma coisa, ele dizia, e suas respostas eram sempre corretas.
As pessoas balançavam a cabeça, admiradas: - Como é que você consegue saber tanta coisa, sem enxergar?
E o cego sorria, dizendo: - É que eu enxergo com os ouvidos.
Bem, um dia a irmã do cego se apaixonou. Ela se apaixonou por um caçador de outra aldeia. E logo o caçador se casou com a irmã do cego.
Depois da festa de casamento, o caçador foi morar na palhoça, com a esposa. Mas o caçador não tinha paciência com o irmão da mulher, não Tinha nenhuma paciência com o cego.
- Para que serve um homem cego? - ele dizia.
E a mulher respondia: - Ora, marido, ele sabe mais coisas do mundo do que as pessoas que enxergam.
O caçador ria: - Ha, ha, ha, o que pode saber um cego, que vive na escuridão? Ha, ha, ha...
Todos os dias, o caçador ia para a floresta com seus alçapões, lanças e flechas.
E todas as tardes, quando o caçador voltava à aldeia, o cego dizia: - Por favor, amanhã deixe-me ir com você caçar na floresta.
Mas o caçador balançava a cabeça: - Para que serve um homem cego?
Dias, semanas e meses se passavam, e todas as tardes o homem cego pedia: - Por favor, amanhã deixe-me caçar também. E todas as tardes o caçador dizia que não.
Uma tarde, porém, o caçador chegou de bom humor. Tinha trazido para casa uma bela caça, uma gazela bem gorda.
Sua mulher temperou e assou a carne e, quando eles acabaram de comer, o caçador disse ao homem cego: - Pois bem, amanhã você vai caçar comigo.
Assim, na manhã seguinte os dois foram juntos para a floresta, o caçador carregando seus alçapões, lanças e flechas, e conduzindo o cego pela mão, por entre as árvores.
Andaram horas e horas. Então, de repente, o cego parou e puxou a mão do caçador: - Psss, um leão! O caçador olhou ao redor e não viu nada. - É um leão, sim, mas está tudo bem. Ele não está faminto e está dormindo profundamente. Não vai nos fazer mal.
Continuaram seu caminho e, de fato, encontraram um leão dormindo a sono solto, debaixo de uma árvore. Depois que passaram pelo animal, o caçador perguntou: - Como você sabia do leão? - É que eu enxergo com os ouvidos.
Andaram por mais quatro horas, e então o cego puxou de novo a mão do caçador: - Psss, um elefante! O caçador olhou ao redor e não viu nada. - É um elefante, sim, mas tudo bem. Ele está dentro de uma poça d'água e não vai nos fazer mal. Continuaram seu caminho e, de fato, encontraram um elefante imenso, chapinhando numa poça d'água, esguichando lama nas próprias costas.
Depois que passaram pelo animal, o caçador perguntou: - Como você sabia do elefante? - É que eu enxergo com os ouvidos.
Continuaram seu caminho, se aprofundando cada vez mais na floresta, até chegarem a uma clareira.
O caçador disse: - Vamos deixar nossos alçapões aqui.
Quando os dois alçapões estavam armados, o caçador disse: - Amanhã vamos voltar para ver o que pegamos. E os dois voltaram juntos para a aldeia.
Na manhã seguinte, acordaram cedo. Mais uma vez, foram andando pela floresta.
O caçador se ofereceu para segurar a mão do cego, mas o cego disse: - Não, agora já conheço o caminho.
Dessa vez, o homem cego foi andando na frente. Não tropeçou em nenhuma raiz nem toco de árvore. Não errou o caminho nem uma vez.
Andaram, andaram, até chegarem à clareira em que tinham armado os alçapões.
De longe, o caçador viu que havia um pássaro preso em cada alçapão. De longe, viu que o pássaro preso em seu alçapão era pequeno e cinzento e que o pássaro preso no alçapão do cego era lindo, com penas verdes, vermelhas e douradas.
- Sente-se ali - ele disse. - Cada um de nós apanhou um pássaro. Vou tirá-los dos alçapões. O cego sentou-se e o caçador foi até os alçapões, pensando: - Um homem que não enxerga nunca vai perceber a diferença. E o que foi que ele fez? Deu ao cego o pequeno pássaro cinzento e ficou com o lindo pássaro de penas verdes, vermelhas e douradas.
O cego pegou o pássaro cinzento nas mãos, levantou-se e os dois rumaram de volta para casa.
Andaram, andaram, e a certa altura o caçador disse: - Já que você é tão inteligente e enxerga com os ouvidos, responda uma coisa: por que há tanta desavença, ódio e guerra neste mundo?
O cego respondeu: - Porque este mundo está cheio de gente como você, que pega o que não é seu. O caçador se encheu de vergonha.
Pegou o pássaro cinzento da mão do cego e deu-lhe o pássaro lindo, de penas verdes, vermelhas e douradas.
- Desculpe - ele disse. Os dois continuaram andando, e a certa altura o caçador disse:
- Já que você é tão inteligente e enxerga com os ouvidos, responda uma coisa: por que há tanto amor, bondade e conciliação neste mundo?
O cego respondeu: - Porque este mundo está cheio de gente como você, que aprende com seus próprios erros.
Os dois continuaram andando, até chegarem à aldeia.
E, a partir daquele dia, quando alguém perguntava ao cego: - Como é que você consegue saber tanta coisa, sem enxergar? Era o caçador que respondia: - É que ele enxerga com os ouvidos... e ouve com o coração.






Hugh Lupton
África Ocidental
Do livro Histórias de Sabedoria e Encantamento
Editora Martins Fontes

domingo, 26 de agosto de 2012

Arteterapia e contação de história.

Inicio este blog profissional com uma entrevista que saiu no Jornal de Jundiaí a respeito do meu trabalho.
Vejam no link ao lado.